Uma manhã de agonia passou o jovem atleta. Aquele tempo estava de amargar. Seco e com uma camada de desesperança por parte dos moradores locais. Mas, Amilton queria jogar bola e foi assim mesmo. Uniforme incompleto, barriga vazia, boca seca.
No campinho outros moços tagarelavam descompromissados com o rumo da prosa.
” -Taí.” Disse um deles.
“- A gente vai torrar neste sol. Cadê o Tico com a bola? ”
Chegou Amilton, o Tico, picando sua bola nova.
“-Onde conseguiu esta? Tá nova!” Disse outro jogador.
“Ah! Acabei de conseguir lá na venda.”
“-Cê não roubou não né, seu doido!” Falou outro colega.
“-Que nada- respondeu. Foi presente.”
A turma caiu na risada. E foram todos jogar na área de terra batida.
Perto da hora do almoço chegou uma senhora com uma trouxa. Pegou um toco debaixo da árvore e adaptou como uma mesa. No embrulho de toalha estava uma panela com arroz e carne preparado com muito amor.
A rapazeada não acreditou. Parecia o céu. Refresco, comida e bola. Que mais poderia vir de bom naquele dia?
Um colega sorriu agradecido. Ainda cansado ensaiou dizer um ‘obrigado!’ meio rouco e desafinado. Todos sorriram também concordando em sentimentos de gratidão à senhora que proporcionou aquele belo gesto em favor da mocidade.
“-Sabe, gente!” Disse Dona Maria. Nesta terra a juventude não tem muito o que fazer. Com seca e pouca esperança no futuro, meu filho saiu pelo mundo. Queria ser jogador, mas vai ser é servente de pedreiro na cidade vizinha.”
Todos acompanharam o que a senhora dizia :
“- Agora, torço para que encontre um lugar ao sol, ou na sombra!”
Todos riram…
“-Assim, como gostaria que lá ele encontrasse apoio e incentivo; aqui estou eu trazendo algo de lanche para vocês.”
“- Aí, Madrinha! Que Deus abençoe!” Exclamou Tico.
Que domingo! As lágrimas de alegria e esperança foram as gotas que caíram naquela terra árida, porém, fecunda.
E você? Qual seu sonho? Pelo que luta? Com quem compartilha sua vida?
Paz!